Como professor, preocupo-me quando observo diariamente crianças com 10 anos sem o mínimo de regras de comportamento numa sala de aula e com atitudes que revelam mesmo uma enorme falta de principios morais de igualdade e companheirismo com o outro.
A falta de tempo com os pais, o excesso dos computadores, a linguagem rídicula que adquirem entre elas, a violência excessiva, verbal e física e, por muito que custe dizer e ouvir, a falta de formação em alguns pais no que compete à educação dos filhos contribuem seriamente para que o ambiente de grupos na escola seja cada vez mais problemático.
Acredito plenamente que num espaço de tempo a médio prazo, crianças e pais vão deixar de ter tempo para si. Deixará de haver tempo para o pai ou a mãe conhecerem os problemas que o filho(a) tem na escola.
A falta de tempo com os pais, o excesso dos computadores, a linguagem rídicula que adquirem entre elas, a violência excessiva, verbal e física e, por muito que custe dizer e ouvir, a falta de formação em alguns pais no que compete à educação dos filhos contribuem seriamente para que o ambiente de grupos na escola seja cada vez mais problemático.
Acredito plenamente que num espaço de tempo a médio prazo, crianças e pais vão deixar de ter tempo para si. Deixará de haver tempo para o pai ou a mãe conhecerem os problemas que o filho(a) tem na escola.
Desde o início do ano lectivo que tenho trabalhado o comportamento das turmas na sala de aula. É uma tarefa cada vez mais árdua. No final do dia, o pensamento de que ser um bom professor é uma vitória quando, ao abordar pais sobre o mau comportamento, a resposta dada e mais comum seja "É próprio da idade".
Este post vem um função deste artigo que recebi num mail por intermédio de um colega, também ele professor.
Este post vem um função deste artigo que recebi num mail por intermédio de um colega, também ele professor.
"A indisciplina tornou-se nota dominante. Hoje, quem carece de estímulo à auto-estima, não são os meninos mas sim os adultos. Um dos grandes responsáveis pelo problema da confusão que reina nas escolas é indiscutivelmente o Ministério, o qual, ao longo dos anos, se revelou incapaz de promulgar uma lei razoável para lidar com os jovens mais rebeldes. E, no entanto, para muitos destes alunos a escola é a sua única oportunidade para subir na vida. Obviamente, nem todos os alunos mal comportados o são por terem pais analfabetos, por viverem em barracas ou por ostentarem uma pele que não é branca. Há quem, pura e simplesmente, goste de aterrorizar os colegas, de humilhar os professores e de insubordinar a turma. A esquerda continua a defender que as crianças são como as flores; a direita que tudo se resolve com um par de bofetadas. Muitas das crianças que hoje frequentam a escolaridade obrigatória não são capazes de estar sentadas mais de 15 minutos; não suportam um revés sem se insubordinarem; provêm de um mundo de tal forma esquálido que o esforço que o estudo exige lhes parece inútil. O reconhecimento de que parte da violência escolar tem causas de natureza social não me leva a ser complacente com o mau comportamento nas salas de aulas. Vitimas, ou não, os alunos devem ser julgados pelos seus actos, não pelos seus traumas. Num momento em que a familia parece incapaz de desempenhar a sua função primordial, a escola assume um papel duplamente crucial. Se estas duas instituições, a escola e a familia, se resignarem ao status quo, os valores civilizacionais que considerávamos adquiridos correm o risco de desaparecer."
Maria Filomena Mónica, Confissões de uma Liberal
Ao passar ocasionalmente pelo blog e ler este post, é difícil não ter a tentação de o comentar, visto estar relacionado com a minha área e sendo assim, passarei à prática. Trabalho diariamente com crianças bem mais novas (dos 3 meses aos 6 anos), aliás no ano lectivo anterior estive responsável pelo berçário, e este ano dou continuidade ao grupo e devido à tenra idade como é óbvio não tenho atitudes de mau comportamento a referir, no entanto há atitudes dos pais/famílias que vão dando sinal que a sociedade está de facto a caminhar para uma mudança impressionante. Digo isto porque já no ano lectivo passado, algumas mães/pais ao falarem comigo referiam com grande satisfação que os seus filhos eram anjos em casa, pois chegavam a casa e as mães ou pais colocavam-nos em frente à Televisão e eles ali ficavam uma hora sem os incomodar (estou a falar de bebés não direi dos 3 meses, mas dos 5 aos 12 meses). Foi nessa altura muito difícil para mim e continua a ser, entender o que se passa com as famílias, com o real papel de ser pai e mãe...Não seria muito melhor para o bebé e para os próprios pais tê-lo na própria cozinha enquanto fazem o jantar, ir falando para o bebé, estar ali presente, cantar para ele... poderia alongar-me imenso como é óbvio... E penso que este exemplo tão simples está relacionado com o artigo em cima, porque vejo que hoje em dia não se dá o carinho devido aos filhos desde tão pequeninos, não se dá atenção, nem educação, a educação é deixada para nós educadores e professores... Quantas vezes enquanto educadora de crianças de 4/5 anos mães e pais já me chegaram à sala a pedir para falar e "dar uma repreensão" ao próprio filho, porque em casa fez algo (descrevem a situação) e assumem que não sabem lidar com o filho...Isto é inacreditável pois estou a falar de crianças de 4/5 anos, crianças que já dão pontapés aos pais, etc...imagino quando atingem os dez anos...e NÂO, NÃO é próprio da idade...é próprio do descontrole familiar, da falta de atenção, carinho e educação que é dada em casa...é óbvio que salvaguardo que há situações e situações e felizmente ainda há excepções!
ResponderEliminarE penso que já divaguei demasiado... fica só esta idéia no ar...
E já agora, parabéns pelo Blog!